20 agosto 2011

Deu internacionalista no Rondon

Pedi um espaço neste ilustríssimo Blog, mais uma vez, para compartilhar uma experiência muito legal.
Tive a oportunidade de participar do Projeto Rondon durante as férias de julho, e antes de ir não imaginava a grandiosidade do evento. A Operação Tuiuiú do projeto (a que participei) foi realizada no Estado do Mato Grosso, no período de 16 de julho a 1 de agosto de 2011. Teve 20 Municípios atendidos, 396 Rondonistas voluntários e 40 Instituições de Ensino Superior participantes.
O Projeto Rondon, coordenado pelo Ministério da Defesa, é um projeto de integração social que envolve a participação voluntária de estudantes universitários na busca de soluções que contribuam para o desenvolvimento sustentável de comunidades carentes e ampliem o bem-estar da população”. Tem como principal objetivo “contribuir para a formação do universitário como cidadão”.
A minha equipe esteve constituída de 8 estudantes da Universidade Católica de Brasília e 8 da Universidade Metodista de São Paulo, de diferentes áreas do conhecimento,  acompanhados de 4 professores e um sargento do exército que fazia nossa segurança - o conhecido anjo. Fomos para o município de Porto Esperidião, que fica na fronteira com a Bolívia. A miscigenação em regiões fronteiriças e visível, pois a maioria das pessoas tem traços indígena-bolivianos. Além dos imigrantes bolivianos, que lá vivem.
Na primeira semana de trabalho realizamos atividades na zona rural/indígena. Alguns dos meus colegas levaram tecnologias sociais e ideias em favor do meio ambiente, outros realizaram palestras sobre temas da saúde, e ainda outros fizeram diversas atividades recreativas com as crianças.
Agora o que eu, estudante de relações internacionais, fui fazer lá? Filosoficamente falando, fiz um intensivo de Brasil; provei aquilo que lemos e ouvimos falar. Agora  falando em termos práticos (risos), eu fiz uma oficina de compotas e geléias! Siim, ensinei as mulheres a aproveitar as frutas do quintal fazendo conservas para venda, incutindo a ideia de geração de renda. Eu sempre gostei de culinária, só pra constar.
Qnd chegávamos na escola rural de determinada vila, eu e meu parceiro de trabalho procurávamos a cozinha e perguntávamos pras merendeiras que frutas haviam por perto, depois de apanhá-las reuníamos o público para ensinar receitas, e conversar sobre o aproveitamento integral de frutas, por fim, distribuíamos cartilhas da EMATER sobre Conservas (agradecimentos ao Presidente da EMATER/DF pelas doações).
Na zona rural dormíamos em colchões distribuídos nas salas de aula. Na cidade nosso alojamento era na creche, onde novamente espalhávamos colchões, um quarto masculino e outro feminino. Comíamos muito bem, pra tranquilidade de nossas mães.
Na segunda semana permanecemos na cidade e repetimos as atividades na escola do município. Dessa vez fiz uma oficina de adesivos de unha, pintados com tinta de tecido na caixa do leite. Um sucesso!
Encerramos nossa passagem em Porto Esperidião com a Feira Mix, um evento para toda cidade que consolidou tudo o que havíamos apresentado nos dias anteriores e expôs a cultura local. Uma festa com apresentação dos índios chiquitanos, música, desfile e artesanato. 

O que levarei desta experiência serão os sorrisos e abraços gratos das pessoas, os beijos das crianças, a expressão de gratidão e carinho do povo, além dos presentinhos das minhas alunas (docinhos e geléias).
Acredito que tudo isso me ajudou a tornar uma profissional de relações internacionais mais humana, consciente e entendedora de parte dos problemas de fronteira, que são muitos nessa big extensão territorial. O tráfico de drogas e de pessoas, a discriminação racial, a pobreza, a falta de instrução, assim como a corrupção são problemas endêmicos que precisam ser enfrentados.
E ainda posso afirmar com mais propriedade que o Brasil é um país rico, com problemas de distribuição de renda, país de imensa diversidade cultural, solo fértil e cheio de belezas naturais, que conta com um povo trabalhador e sofredor.
A simplicidade tem sua riqueza. Você pode não ter dinheiro a oferecer, muito menos solução para cada problema, mas se você estiver disposto a se doar e amar as pessoas, elas sentirão isso e te amarão de volta. É um ciclo.
Esse retorno que obtive compensa o cansaço, o desconforto, as picadas de mosquito e eventuais problemas de saúde. As amizades feitas foram maravilhosas, a cumplicidade e o cuidado uns com os outros foi incrível. É marcante, inesquecível. Isso é Rondon!

Se você é estudante universitário, desencanado e sem frescuras eu recomendo a experiência!

Nem Me Ligue,
P.
[Primeiro post da P. aqui no blog]

Nenhum comentário:

Postar um comentário