03 janeiro 2011

E a política externa?

Caros leitores,

Não consigo controlar meu impulso político e esse vai ser mais um post nessa área que desagrada a muitos, mas não sei porque carga d’água me fascina tanto [NÃO, não quero ser política, BEIJOS!].

Não sei porque, mas gosto de ler algumas coisas várias vezes e o meu alvo da vez é o discurso da Dilma [sim, aquele que eu postei o vídeo aqui]. Pode ser que daqui p. o fim do mês eu poste cada trecho do discurso só para ter algo p. fazer nas férias, mas é mais provável que não xD

O fato é que estava eu a ler [de novo] o discurso da nossa presidente e achei a parte que ela elenca os princípios norteadores da política externa brasileira [PEB, pra os íntimos], acompanhe:

(...) Meus queridos brasileiros e brasileiras,

Nossa política externa estará baseada nos valores clássicos da tradição diplomática brasileira: promoção da paz, respeito ao princípio de não intervenção, defesa dos Direitos Humanos e fortalecimento do multilateralismo. (...)

O que isso significa?

Significa que mais uma vez o Brasil estará alinhado com os princípios da ONU de manutenção da paz, ou seja, que o país não vai dar uma de Coreia do Norte e sair atacando os vizinhos porque o país repudia atos de desequilíbrio da segurança internacional.

Com não intervenção, ela quis dizer que o Brasil não vai dar uma de EUA e invadir países por qualquer motivo que seja. Significa que o país respeita a soberania de todos os outros países do globo e que não vai intervir diretamente em nenhum deles, como se recusou a fazer em 2003 na invasão do Iraque.

A defesa dos Direitos Humanos é um dos calos do Brasil no exterior e já foi muito atacado por outros países por levantar essa bandeira, mas ainda assim ser palco de prisões superlotadas, trabalho infantil e escravo, entre outras coisas. Ainda assim, não somos o maior exemplo de desrespeito aos direitos humanos [Oi China =D] e temos avançado nesse quesito com a redução dos índices citados.

Quem é multilateralismo? Como o próprio nome já diz, advém de muitos lados. Ou seja, o Brasil da Dilma vai levantar a bandeira de negociações com vários países na mesa e não apenas os países ricos como aconteceu por muito tempo. Na era Lula [que é como estão chamando por aí o período de 2003-2010] essa bandeira foi levantada de com força expurgando de vez aquela ideia de que o Brasil tem que ser cachorrinho dos EUA que o FHC adorava.

No discurso a importância que o novo governo dá ao multilateralismo se encontra nas seguintes palavras:

(...) Seguiremos aprofundando o relacionamento com nossos vizinhos sul-americanos; com nossos irmãos da América Latina e do Caribe; com nossos irmãos africanos e com os povos do Oriente Médio e dos países asiáticos. Preservaremos e aprofundaremos o relacionamento com os Estados Unidos e com a União Europeia.

Vamos dar grande atenção aos países emergentes.

O Brasil reitera, com veemência e firmeza, a decisão de associar seu desenvolvimento econômico, social e político ao nosso continente.

Podemos transformar nossa região em componente essencial do mundo multipolar que se anuncia, dando consistência cada vez maior ao Mercosul e à Unasul. Vamos contribuir para a estabilidade financeira internacional, com uma intervenção qualificada nos fóruns multilaterais. (...)

Nesse trecho fica evidente também que a Unasul e o Mercosul são organizações de vital importância para o governo, uma vez que quer unir o crescimento do país ao crescimento da região sul-americana e também da América como um todo, pois o Brasil tem mantido relações estreitas com os países Caribenhos e centro-americanos.

Nos governos anteriores ao de Lula a área internacional não tinha tanta visibilidade e as relações dadas como prioritárias era com países europeus e os EUA basicamente. Havia tentativa d aproximação com os vizinhos, mas nada muito pontual, a Argentina era considerado como ponto focal, mas os outros parceiros era meio que deixados de lado, mesmo os companheiros de Mercosul foram jogados para escanteio. E as viagens tão mal faladas do ex-presidente serviram justamente para reorganizar a casa e buscar parcerias que eram [e são] necessárias ao plano de desenvolvimento brasileiro. Foram elas também que tornaram o Brasil mais bem visto no cenário internacional.

Ela foi bem pontual na questão de armamentos nucleares:

(...)Nossa tradição de defesa da paz não nos permite qualquer indiferença frente à existência de enormes arsenais atômicos, à proliferação nuclear, ao terrorismo e ao crime organizado transnacional.(...)

Portanto o país vai continuar a seguir os ditames do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), mas com esse discurso será que a nova presidente vai continuar buscando aproximação com o Irã? Eu sempre vejo o problema da questão nuclear de duas formas: pode ser que ele de fato só queira enriquecer urânio para fins pacíficos e todo esse circo montado em cima desse tema seja mais uma artemanha dos EUA [o que não é impossível]. Assim como pode ser que o Ahmadinejad seja um lobo em pele de cordeiro. O Lula esteve mais inclinado a minha primeira opinião, mas ainda não sei dizer o que a Dilma pensa e dependendo das atitudes que ela tomar, esse pode ser um ponto de descontinuidade com o governo anterior [Olho nos próximos lances do tabuleiro #fikdik].

Mais uma vez, ela mostrou reconhecimento e respeito pelos princípios da ONU e com a provável governança mundial que esse e outros organismos exercem no cenário internacional:

(...) Nossa ação política externa continuará propugnando pela reforma dos organismos de governança mundial, em especial as Nações Unidas e seu Conselho de Segurança. (...)

E para não perder o costume e mostrar que o Brasil vai continuar a apoiar a FAO ela falou sobre a fome e a miséria e no compromisso do governo brasileiro com a luta contra esse males.

A atenção dada a parte internacional foi consideravelmente maior do que a que eu já vi em outros discursos de presidentes brasileiros. Ainda assim, acredito que a população deva ser melhor informada quanto às questões de política externa, pois o Brasil está, cada vez mais, se tornando um ator internacional de renome e temos que debater internamente as questões internacionais, para que o governo se oriente de fato pelo interesse nacional e a busca pelo desenvolvimento [UI! Fui muito nacionalista FALEI!].

Fiquem atentos aos próximos passos do governo ;]

Nem Me Ligue!

A.

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