24 janeiro 2011

Diário de um viajante - O retorno [2]

Na minha viagem pelo interior pernambucano descobri coisas interessantes sobre o sertão, sobre como o povo de lá vê assuntos polêmicos como a Transposição do Rio São Francisco e também a questão da educação.

Minha prima [Tina p. os íntimos =D] é professora de uma escola particular lá de Petrolina, enquanto conversava com ela, descobri que Pernambuco é o estado que pior paga os professores da rede pública, principalmente.
Um professor que trabalha 40h com dedicação exclusiva e dá aula de 1ª a 4ª série [ou do 2º ao 5º ano, se preferirem] ganha não muito mais que um salário mínimo [Sim, o de 515 dinheiros]. Tudo bem que lá não é Bsb que tudo é o olho da face, maaas as coisas não são de graça e esse salário não condiz com o leão que um professor mata a cada dia.
A educação vem sofrendo com a desvalorização e se os professores sofrem com a falta de um salário condizente com a atividade imagine os alunos que são testemunhas da desmotivação e da diminuição dos quadros docentes das escolas públicas do país.
Se aqui no DF, que os salários é um dos melhores da ex Terra de Pindorama, já falta professor nas salas de aula imagine então nos outros estados... Acho incrível como os anos passam e ninguém acorda para essa deturpação. Cada vez menos pessoas se interessam pela área acadêmica porque não há reconhecimento da classe, seja por parte de alunos, governos ou da população.
Sei que aprendemos muito em casa, mas passamos grande parte da nossa vida com esses doutores na arte de ensinar além de devermos boa parte do nosso conhecimento a eles também, porque abrem nossos olhos para aquilo que nos era indiferente.

Vejo nas escolas que o laço entre aluno e professor vem se desfazendo e que o respeito mútuo que deveria existir também está se extinguindo. O aluno adolescente muitas vezes se acha mais que o professor, o professor muitas vezes acha que pode exigir respeito através da força. Não sei explicar o que está acontecendo de fato e onde foi parar a veneração que tínhamos pelos nossos mestres, mas sei que o governo tem culpa por não dar infra-estrutura para as instituições de ensino e todos os cidadãos têm culpa também por não exigir com mais afinco que medidas eficazes sejam tomadas.

O governador Agnelo Queiroz diz que a prioridade dele é a saúde porque a situação está caótica, mas e a educação? A falta de professores em várias escolas não é preocupante? Escolas feitas de lata não merecem atenção? Falta de transporte escolar para alunos da zona rural também não fazem parte das prioridades do governo?
É procupante saber que esses problemas que enumerei não são exclusivos do DF e, principalmente, que não deixarão ser resolvidos apenas aqui. A verdade é que os governantes sempre tocam a educação para escanteio nomeando suas prioridades sem sequer pensar que quando esse setor de oito letras tiver a atenção merecida, as outras engrenagens começarão a girar em conjunto e com menos esforço.

Continuo a me perguntar, até quando esse desrespeito vai continuar e quando conseguiremos nos orgulhar do sistema educacional do nosso país.

Sem mais delongas,
NemMeLigue!

A.

Um comentário:

  1. Sem educação um país não vai para a frente. O que políticos pensam é que dando educação, as pessoas serão questionadoras... Mas tem que ser assim! A gente não é do tipo que tem que se alienar com tudo. Agnelo depois que arrumar a saúde, deve partir para a educação. Só assim para progredir.

    ResponderExcluir